Richard
Karlovich Zommer (1866 — 1939)
Foi um artista realista e impressionista
russo. Foi um
dos primeiros artistas russos a
renderem-se às tendências impressionistas que transpunham as fronteiras da França. Pintor por excelência, um dos seus mais célebres trabalhos é sem dúvida A Mesquita de Shir-Dor, Samarcanda, leiloado em 2006 na Sotheby's,
na cidade de Londres, na New Bond Street.
Da sua
vida pouco se conhece. Sabe-se que tinha origens britânicas. Sabe-se
que, inspirado em outros artistas, fez várias viagens pela Ásia Central e de Leste. Foi durante uma destas visitas que, em 1907, concebeu o referido quadro, em território
que hoje pertence ao Cazaquistão.
Os
pintores orientalistas foram os pintores europeus influenciados
pelo estilo árabe, e, por isto, muitos crêem que Zommer era um pintor orientalista,
embora não o sendo, de facto. A sua pintura prendia-se verdadeiramente aos aspectos mais
quotidianos do sul da Rússia, que
contava com alguns territórios (hoje, alguns estados, como o Cazaquistão e o Afeganistão, entre
outros) de maioria muçulmana. Todavia, estando esta cultura inteiramnete ligada ao seu país de origem, não se pode classificar a obra de
Zommer como orientalista.
O estilo
do pintor é pleno de exotismo e alegria, que derivam um pouco da sua ostensiva
paleta de cores, muito variável e exuberante, e dos seus jogos lumínicos
derivantes do estilo impressionista.
A sua pintura é marcada pelas cenas de rua nos territórios russos de maioria muçulmana, exibindo bazares, mesquitas,
procissões e grandes multidões, o que dá uma grande liberdade a nível da cor,
vivamente explorada em quadros como No
bazar, entre outros, mas também é marcada pelas desérticas paisagens na região montanhosa do Cáucaso, um ambiente
árido e escuro, que nos quadros de Zommer
costuma mostrar-se coberto de neve, com pequenos riachos entrelaçados na terra
lamacenta ou com pictorescas caravanas e soldados de artistas a atravessa-lo, como em Caravana atravessando um rio, uma das obras mais marcantes da
sua trajectória artística.
Da
vivacidade e exotismo das ruas e dos bazares de Samarcanda, ao
ambiente desértico e gelado do Cáucaso, o pintor necessitava de representar vida humana nos seus quadros, sendo que não se conhece
nenhum quadro de Zommer em que não conste uma personagem humana. Nas suas obras
Zommer não se cansou de fazer reflexões sobre a vida do ser-humano, em
diferentes regiões, com diferentes estilos de vida, mas em relação aos seus
personagens, estes adquirem uma postura muito introspectiva, e, sejam
constantes em representações dos mais movimentados basares ou das regiões desérticas e montanhosas do interior Rússia, os personagens assumem uma postura cansada e solitária, como
em Cena de rua e O rio Volga, salvo algumas
excepções.
Com a sua
obra dominada essencialmente pelo óleo sobre tela, alguns dos seus trabalhos
assemelham-se a alegorias, principalmente as telas em que representa as legiões
de infantaria do exército imperial russo e as procissões religiosas. Algo
frequentes na sua obra, estes temas têm, salvo algumas excepções, todos o Cáucaso como pano de fundo.
Muitas
das suas pinturas são conhecidas, maioritariamente pelo povo
russo, mas a maioria dos trabalhos encontram-se em colecções privadas ou museus da Rússia.
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